quinta-feira, 28 de junho de 2012

Farewell


Não foi fácil arrumar as malas, ainda mais sabendo o que isso representaria. Eu não estava feliz e nem me sentia preparado para voltar. Não fazia sentido, mesmo porque eu já sentia que aquela cidade era minha casa. Uma cidade que me recebeu tão bem, que me mostrou e proporcionou tantas coisas magníficas, que me fez crescer muito em um período tão curto. Como eu poderia voltar para casa se eu já estava me sentindo em casa?

Mas o mundo real estava me chamando e eu precisava atender esse chamado, resolver algumas pendencias e focar na minha carreira. Mas antes disso, eu precisava me despedir. Precisava dizer um ATÉ LOGO para minha Wonderland, precisava me despedir das pessoas que transformaram meu simples intercambio na maior experiência que eu tive até hoje.

Poucas vezes na vida eu me senti tão amado. Meu voo sairia às 9h30 am, mas eu precisava chegar no aeroporto às 6h30 am. Na hora que vi o horário do meu bilhete eu tive a certeza de que teria que ir sozinho para o aeroporto, que ninguém iria se dispor a madrugar para me ajudar. Foi aí que eu tive uma surpresa: A Cor de Toronto mexeu os pauzinhos, e todo mundo se juntou para fazer da minha última noite em Toronto a noite mais feliz do meu intercambio, tão feliz que não teria fim.

Não posso falar desse dia sem me lembrar do Renato e do Daniel, que foram incríveis. Foram me pegar em casa, me ajudaram com as malas e ficaram comigo do segundo que eu saí de casa até a hora que eu entrei na sala de embarque.

Tenho que agradecer ao Thiago, que liberou a casa, o violão e que me recebeu super bem. Nunca vou me esquecer que a minha última noite em Toronto foi em um apartamento na área nobre da cidade.

A Isa, minha paulistinha responsável e com sotaque lindo, que ia trabalhar pesado no dia seguinte, passou a minha última noite comigo, dividiu comigo a última vez que ouvi ‘Arriving at Keele, Keele Station’, além de ter me ajudado a segurar a barra com nossos papos cabeças.

As minhas mineirinhas lindas. Bruna, sempre fazendo piadas e me lembrando que os canadenses podem ser bem patéticos e mal educados. Que me exigiu um dia na minha última semana pra dividir com ela e que me deu o título de Melhor Jornalista de Toronto. Luisa, com o melhor abraço da cidade, a única brasileira disposta a falar inglês comigo, a única que entende o meu ‘Really’ mega famoso, além de ser a Conexão.

O cara que quase me fez chorar, que entende quando eu quero ‘Um pouco mais de paciência’ e que me lembrou de que ‘Meu destino não é de ninguém’, o Mau mais bonzinho que eu já conheci.

Teve a Jéssica, que passou só pra dizer que ia sentir minha falta e me dar um abraço maravilhoso. O Nolli, que foi o meu companheiro de aventuras, com quem eu me diverti muito na minha última semana da cidade.

E a minha Benga? Ela, que esteve comigo em mais da metade da minha viagem e dividiu a balada mais VIP que eu já fui em toda a minha vida, sabe o quando nos divertimos. Milhares de fotos, ligações, fofocas, brigas, tudo como tinha que ser, tudo perfeito.

Teve também a participação virtual do Fe, o cara que me fez viver 30 dias em um mês, que sugou cada gota da minha disposição e que mostrou o que a terra da Joelma tem. E já no aeroporto, só para posar pra foto, a minha amiga Isaura, que tem nome de escrava mas é muito RYCA, e só não é mais legal porque é corintiana.

Eu já estou no Brasil há cinco dias e confesso que ainda não me acostumei com a ideia. E o blog, que estava um pouco parado,  não por falta de assunto, mas por falta de tempo, já que eu estava vivendo os meus últimos dias de viagem, vai virar um espaço de lembranças e dicas, porque o projeto continua, e logo mais tem mais viagens pra contar! 


terça-feira, 5 de junho de 2012

All you can eat


Nada é mais a cara de estudante intercabista do que procurar restaurantes bons, baratos e que te ofereçam a possibilidade de comer muito, afinal, ninguém está achando dólar na calçada, né? Para isso, os ‘All you can eat’, ou ‘Coma o quanto puder’, são as opções perfeitas.

Como bom brasileiro que sou, amo comida japonesa (oi?) e fico louco quando vejo a possibilidade de comer peixes crus, sopas com cheiro de bafo, carnes, frangos e lulas teriyaki, ou qualquer coisa que se possa comer com hashi, os famosos pauzinhos. A oportunidade perfeita para largar de mão a comida da Homestay, nem que seja por um dia, é quando algum amigo está aniversariando. Comemorar a velhice do Mauricio foi a desculpa perfeita para se empanturrar com as delicias da cozinha oriental.

Em plena terça-feira, com o tempo nublado, lá estávamos nós, depois da aula, pagando U$ 10,99 para comer até escorrer pelos olhos. Começamos os pedidos. Marca X aqui, X ali, X acolá, e de repente alguém lembra: Para cada peça que sobra na mesa é cobrado U$ 1,00.  

Pedido enviado, começam as chegar as bandejas na mesa. Vem uma, vem outra, mais outra, e quando a gente se dá conta, a mesa está lotada de comida. Começamos a comer um pouco daqui, outro pouco dali, e a mesa continuava cheia. Uns pedidos errados, umas coisas estranhas com abacate, outras bem apimentadas, umas peças com bolinhas laranja de enfeite, mas como eu disse anteriormente, o dólar tá caro, e cada moedinha tá valendo muito, por isso, todos deram o seu melhor e deixamos só os pratos sujos.

Mas ainda não era hora de pagar a conta. Estávamos esperando um outro amigo que chegaria atrasado. Quando ele finalmente chegou, deu uma única ordem: Hora de começar tudo de novo, porque detesto comer sozinho. Quem poderia contestar? Ninguém!

Recomeçam os pedidos, desta vez mais modestos. Todos estavam a fim de colocar o ‘Coma o quanto puder’ em prática, seguindo a ordem do restaurante ao pé da letra. Chega mais sushi e mais ‘beef teriyaki’, que são abduzidos (sim, porque deve ter um ET no meu estomago comendo tudo isso) para dentro de nossos corpos em segundos.

Depois de finalmente comer o quanto podíamos, a impressão que me dava era de que eu poderia ficar três dias sem comer, estocando e usando gradativamente tudo o que comi durante o almoço. A impressão foi desfeita ao chegar em casa e me deparar com um Caneloni de carne com queijo que minha Hostmom italiana fez só para me agradar, porque ela sabe que eu amo esse prato. Comi como se fosse a última refeição da minha vida e terminei o meu dia feliz, afinal, gordo só fica feliz quando faz gordice! 



quinta-feira, 31 de maio de 2012

Contagem regressiva


Agora é oficial. Faltam só e somente 23 dias para o sonho acabar. Coração apertado, pernas bambas e mãos suando frio me descrevem durante a produção desse texto. A pior coisa é a sensação de estar deixando algo para trás. Mas isso, de fato, eu estou deixando. Estou deixando o meu velho EU. O Rafael de seis meses atrás não existe mais, e isso pode ser notado no meu novo shape, agora mais redondo, com umas curvinhas que não existiam e uma pancinha que marca na T-shirt.

Quando eu olho para trás, percebo o quanto essa experiência foi importante na minha vida. Diferentes culturas interagindo, diferentes sabores, diferentes cores, cheiros, texturas e principalmente, diferentes pessoas. No final das contas, intercambio acaba sendo sobre isso, sobre pessoas.

Sou um cara de muita sorte. No meu caminho só pessoas do bem e dispostas a me ajudar passaram. Meus amigos gringos foram maravilhosos, mas o meus brasileiros foram fenomenais. O meu amado nordeste provando que é expert em produzir gente animada e divertida, o sudeste me convidando para conhecer suas maravilhas, mas principalmente o norte, que veio forte e marcou.

Acho que fiz de tudo nesse país. Apareci na TV, nadei no Lake Ontario, presenciei cenas de violência, cenas de amor, cenas de muito amor, bebi, bebi mais, amanheci na rua, atravessei fora da faixa, sai do Beginner, apesar de adorar meu título, e até ajudei ao próximo algumas vezes.

Minha missão agora é transformar esses 23 dias em 1 ano, e viver loucamente, espremendo cada oportunidade e histórias que esse país ainda pode me dar.


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Perdidos com Murphy


É incrível ver a minha evolução dentro de Toronto. Já consigo andar nessa cidade como se ela realmente fosse minha, ou pelo menos imagino que posso. Economizar tempo, pegar atalhos, conhecer três ou quatro caminhos que podem me levar para o mesmo lugar e ficar boquiaberto quando percebo que as pessoas estão perdidas, me fazem sentir isso.

Claro que nem sempre foi assim, e que eu precisei, antes, aprender a falar inglês e gravar o mapa na minha cabeça. Conhecer os pontos cardeais e decorar que o East é para direita e o West é para esquerda também facilitou um bocado.

Na primeira semana na cidade, quando ainda estava de ‘férias’ e hospedado num Apart-hotel, resolvi, junto com meu Tio Nivaldo, conhecer o caminho da nossa futura Homestay. Fomos depois da aula, na cara e na coragem, com uma única informação na mão: Keele Station!

Ignorando todos os comandos e vendo um mapa muito mal feito, andamos sem rumo. Perguntamos para o primeiro cara que apareceu na nossa frente e ele disse que precisaríamos pegar um ônibus. Pegamos o primeiro que passou. E claro, como previsto por Murphy, foi o errado.

Lembro, até hoje, de encontrar com uma menina que eu sabia que conhecia de algum lugar, mas ainda não sabia de onde. Ainda me lembro da cara da Karol. Era uma menina branca, cabelo liso e usava óculos. Fui falar com ela, mas como Murphy sempre diz que nada está tão ruim que não possa piorar, o ônibus chegou à parada dela dois segundos depois que eu cheguei nela. Continuamos no ônibus, e um garoto latino da minha escola, me chamou e disse que poderia me ajudar. Tentou, mas não conseguiu!

Descemos do ônibus e resolvemos perguntar na rua. Meu tio estava assustado e começado a ficar puto, querendo voltar pro Apart e desistir de tudo. Eu estava adorando a aventura e comecei a incentivar a busca.

Paramos um senhor bem baixinho, pouco mais alto que minha cintura. Perguntamos qualquer coisa para ele e mostramos o papel. Ficou claro onde queríamos chegar. Esse senhor é uma das milhares de pessoas que param o que estão fazendo para ajudar quem está perdido, e aqui no Canadá está cheio delas.

Ele pegou o papel, se dirigiu até o carro da policia e começou a falar qualquer coisa com o Policial. Mas, ainda fazendo referencia a Murphy, o que nós não sabíamos é que o nome da rua estava errado. Iriamos morar na Bertram Street, mas no mapa o nome da nossa rua estava com N e não com M. Esse erro impedia o Policial, que tinha cheiro de donuts, encontrar nossa casa no GPS. O Policial disse que não poderia informar exatamente, mas que provavelmente deveríamos voltar para Keele Street.

Já no final da tarde, enquanto meu tio esbravejava e só pensava em descobrir o caminho de volta para casa, pegamos um outro ônibus. Ficamos no cruzamento da Keele com a Eglinton e perguntamos para outra boa alma como fazer para chegar à maldita casa. E não tenham dúvidas de que Murphy também estava agindo por lá. O celular do cara, um iPhone qualquer coisa, descarregou bem na hora que ele ligou o GPS e ele só conseguiu ver que era pro norte. Essa informação já era ouro, pois já sabíamos que ônibus pegar.

Esperamos algum tempo na parada, mas não muito. Já estava escurecendo quando entramos no ônibus, e quando eu perguntei ao motorista se o lugar que eu precisava ir era longe, ele disse que era tão perto que eu nem precisava pegar aquele ônibus lotado. Caminhamos aproximadamente 10 minutos e encontramos, finalmente, nossa casa. Era feia, numa vizinhança feia e num lugar longe. Ficamos parados 2 minutos na frente da casa, demos meia volta e fomos ao Apart jantar. 


quarta-feira, 25 de abril de 2012

Quem fala e faz



Uma das desvantagens de uma viagem longa são os relacionamentos que enfraquecem. Não por falta de amor ou nada do gênero, mas é que e difícil manter o contato quando se tem um continente inteiro separando os corpos. Normalmente é mais difícil para quem sai da zona de conforto, pois este, no caso eu, cria nova rotina e novos laços, e acaba ficando sem tempo para manter os antigos, o que é uma grande falha, confesso. Mas hoje o texto é dedicado a minha linda Ana B., que foi, de longe, quem mais conseguiu sugar de mim tempo e dedicação. Como? Simples, me dando tempo e dedicação. Ela foi a única que insistiu, mesmo quando eu não tinha tempo. Que deixou recados. Que cobrou. Que gritou. Que me aconselhou. Que se fez presente. E que estava lá, online, na hora que eu precisava. Ela, que segundo nossos planos, era para estar aqui, sabe de tudo o que se passa, com cada vírgula, com cada detalhe. E eu, que não estou lá, sei de cada passo que minha ‘Estagiária da tarde’ dá. Também grito, tanto para brigar quanto para comemorar. E desde que vim, houve muitos motivos para comemorar. Nessas horas a gente percebe que as palavras bonitas são interessantes, mas que as ações, as demonstrações, as provas, são essenciais. E se havia alguma dúvida do nosso amor, essa foi sanada da forma mais simples possível. A minha Ana B. não é a única pessoa que me faz falta aqui no Canadá, mas sem dúvida, ela é uma das poucas que merecem saber disso.



domingo, 22 de abril de 2012

O lado dark da minha cidade dos sonhos


Meu encanto e minha sensação de segurança incondicional em Toronto quebrou tal qual o anel de vidro daquela velha cantiga infantil. Sempre tive um lado meio ‘São Tomé’, e só começo a me preocupar com certas coisas quando realmente me sinto atingido por elas. A cidade é, de fato, segura e amigável, mas sempre no meio do trigo há o joio, e o joio anda de bluenight.

Sim, essa é mais uma história sobre um bluenight qualquer, voltando de uma balada qualquer, com um nível de embriaguez levemente excedido numa madrugada fria.

No ponto de ônibus, Daniel e eu. Ele pegando o bluenight pela primeira vez, com um senso de direção totalmente questionável, um iPhone que ele não entende o GPS, me fazendo mil perguntas, e a cada resposta que eu dava ele rebatia com um “Tem certeza, macho?”.

O ponto de ônibus, no cruzamento da Bloor com a Dufferin, estava cheio. Tinha gente de todo tipo, de maconheiro sussa, passando por casal hetero fofo, gringo Português perguntando se estava no caminho certo até uns carinhas mal encarados. O ônibus chega e todos entram.

Não havia lugar para sentar e a lotação estava quase completa. Mal dava para se movimentar. Os carinhas mal encarados ficaram perto da porta frontal, em pé, de frente para um cara gay, já com mais de 40 anos, com uma aparência de cigano, o cabelo grande, enrolado e amarrado, uma calça jeans boca de sino e muitas pulseiras e anéis.

Os dois carinhas não paravam de falar, mas falavam muito rápido, então eu só consegui entender quando um deles olha pro ‘Cigano’ e diz em alto e bom tom “I don’t like fags”. Obviamente o ‘Cigano’ se sentiu ofendido e resmungou, mas uma coisa discreta, que só quem estava prestando atenção percebeu. O que falou a babaquice se alterou, chegou cara a cara com o ‘Cigano’ e disse “What the fuck are you saying?”¸ e o ‘Cigano’ só respondeu algo do tipo “Leave me alone!”.

Não precisou de mais nada. O cara, provavelmente drogado, começou a gritar e falar um monte de coisa que eu não entendi, afinal na escola eles não querem ensinar as ‘bad words’. Quando ‘Cigano’ foi tentar se levantar para sair de perto, porque provavelmente estava com vergonha daquela situação, ele levou o primeiro soco. O primeiro de uma sequência.

Uma das coisas que me chamam atenção durante um evento de stress é como as leis da física são quebradas. Enquanto toda essa situação estava acontecendo, todas as pessoas em pé no ônibus iam andando lentamente para trás, e quando finalmente a agressão aconteceu, todos estavam na parte traseira do veículo, uns por cima dos outros, mais de um corpo ocupando o mesmo espaço.

O babaca deu uma sequência de socos na cara do ‘Cigano’, que não teve a menor chance de reagir, já que estava sentado. O motorista percebeu toda a movimentação, parou o ônibus, e quando ele finalmente abriu a porta, os dois marginais correram. Só então pudemos ver o estrago que foi feito na cara do homem.

Todo o episódio durou menos de 2 minutos. Foi tudo muito rápido e poucas pessoas realmente entenderam o que estava acontecendo.

Outras duas coisas me chamaram atenção. A primeira foi o motorista, que estava preparado para prestar primeiros socorros. No veículo havia um kit básico e ele sabia como usar tudo. A segunda coisa foi que não houve os ‘segundos socorros’, ou seja, ninguém chamou a polícia, ninguém chamou a ambulância e ninguém levou a vítima para o hospital.

Depois de receber os primeiros socorros do motorista, o ‘Cigano’, provavelmente envergonhado, apenas desceu do ônibus de cabeça baixa e seguiu o resto do seu trajeto a pé, com um curativo enorme na testa, o olho direito muito inchado e a roupa toda ensanguentada.

O ônibus foi interditado, os passageiros ficaram na calçada esperando o próximo e eu fiquei em estado de choque, com medo da minha sombra e a pior sensação que alguém pode sentir: A IMPUNIDADE! 


sábado, 21 de abril de 2012

04/20 às 4h20



No Brasil usamos a data com Dia/Mês/Ano, enquanto no Canadá funciona com Mês/Dia/Ano. Logo, o dia 20/04, aqui era 04/20, e como na cultura canábica o número 420 significa muita coisa, esse dia foi citado como Weed Day (Dia da Erva). Claro que eu não sabia disso e tive que aprender com uma árdua pesquisa googleando sites e Wikipédias da vida. [saber mais da cultura canábica?]

O fato é que o dia 04/20/2012 caiu numa sexta-feira, na Last Friday, que é a última sexta-feira antes da troca de nível, onde geralmente os alunos se reúnem com o professor para almoçarem juntos. Antes das 2h eu já estava livre e fui encontrar Marcus, um amigo do interior de São Paulo, para hang out together. Enquanto decidíamos o que fazer, o Ucraniano que eu nunca lembro o nome, ex-roommate de Marcus, apareceu e nos convidou para irmos ao shopping. Ficamos um tempo rodando por lá, paramos para comer, e depois fomos andar pelas calçadas, aproveitar que o clima estava permitindo tal proeza.

Não precisou de muito tempo out side para começar a sentir o cheiro da cannabis queimando. Mais na frente, na Dundas Square, vimos uma multidão concentrada, e como não sabíamos do que se tratava, então obedecemos a primeira lição do manual do turista, apesar de não ser mais turista, e seguimos o fluxo!

O cheiro forte da maconha vinha de lá, da multidão de gente descolada, algumas caras interessantes, outras bizarras, uns cachorros meio grogues com o cheiro da fumaça, mas todos juntos, cada um com seu baseado, cada um no seu quadrado, sem entrar no espaço de ninguém. O soundtrack não era reggae, não tinha nenhum manifestante alterado pedindo a legalização da droga, os policiais não eram hostis e eu estava chocado. Todo meu estereótipo de maconheiro foi quebrado, pisado e cuspido diante da diversidade de pessoas que se encontravam naquele evento, onde o único objetivo era esperar dar 4h20, que é a hora mundial de fumar maconha, e curtir o seu baseado, sem culpa e sem grilo.

P.S.: Devo ter alguma barreira que impede a aproximação de pessoas para me oferecerem drogas. Não que isso seja ruim, muito menos seja bom, apenas é. Tenho testemunhas que estavam comigo desde o início e viram que mesmo eu estando num evento de maconha, não provei, não me ofereceram e nem nada do tipo. Só meu cabelo que ficou com um cheiro insuportável!